UMA TRISTE CONTINUIDADE AO MUNDO CONTEMPORÂNEO

28/03/2020 15:05

O COVID-19, mais conhecido como "novo coronavírus", tem causado impactos imensos às sociedades e economias mundiais. Quanto tempo durará isto? Ninguém sabe. Mas, o que sabemos é que o COVID-19 é uma continuidade triste ao nosso mundo atual, desafiando intelectuais, cientistas, governos, empresários e populações.

Nos últimos 100 anos, passamos por pandemias ligadas a "gripe espanhola" (1918-1920), "gripe asiática" (1957-1958), "gripe de Hong Kong" (1968-1969), "gripe aviária" (2009), entre outras[1]. Todas exigiram cuidados, inclusive com recomendações de isolamento social[2]. Aqui temos a primeira continuidade a ser destacada.

Outra continuidade do COVID-19 em relação a pandemias anteriores refere-se à guerra de discursos em torno da doença, desde alarmismos apocalípticos[3] até um negacionismo irresponsável[4]. Quando a gripe espanhola arrasou o mundo, no início do século XX, autoridades e partes da sociedade chegavam a negar ou subestimar os efeitos da nova doença[5]. A guerra de discursos traz consigo as chamadas "teorias de conspiração": já acusaram China e EUA de terem criado o vírus do COVID-19 em laboratório[6]; assim como, em 2009, acusaram laboratórios de terem criado o vírus da gripe aviária para lucrarem com a venda de antivirais[7]. Uma outra modalidade de teoria conspiratória tem a ver com a religião: a gripe espanhola foi atribuída a castigo divino[8]; atualmente, chegaram a dizer que o COVID-19 seria uma resposta de Deus ao casamento gay e ao aborto[9]. Por fim, como parte da guerra de discursos, temos as notícias falsas, espalhadas intensamente para confundir, gerar pânico e desestabilizar. Algumas notícias falsas acabam sendo bem inocentes (por exemplo, durante a pandemia de gripe espanhola, um fazendeiro do interior de SP acreditava que a gripe podia ser tratada com uma mistura de cachaça, limão, alho e mel, originando, depois, a caipirinha[10]), mas, normalmente, as notícias falsas mais atrapalham do que informam.

Com estas e outras continuidades, podemos nos perguntar: o que fazer? A resposta se debruça nas continuidades daquilo que se fazia em tempos de pandemias: sempre foi recomendado o isolamento social[11] e os cuidados higiênicos (ver nota 2). O isolamento social, principalmente, traz a tona reflexões de ordem econômica, filosófica, ética, entre outros aspectos que devem ser discutidos e pensados coletivamente (e a internet é um ótimo meio para interação, reflexão e discussão coletiva em tempos de isolamento).



 

 

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