Adaptações teatrais II

23/05/2018 11:54

Sugestões de roteiros para professores da Educação Básica:

 

EPOPEIA DE GILGAMESH – PEÇA TEATRAL

 

Pessoas reunidas no cenário reclamando insatisfeitas

 

PESSOA 1: Gilgamesh está muito violento! Agressividade que nos revolta!

PESSOA 2: Concordo! Você acredita que outro dia ele andava em procissão aos deuses e parou a procissão para bater em um desafeto que ele viu na multidão?

PESSOA 3: Pois eu acredito! Gilgamesh tem um temperamento explosivo demais!

PESSOA 4: Precisamos orar aos deuses pedindo socorro!

 

Um mensageiro dos deuses está ouvindo tudo por trás das pessoas e sai de cena. As pessoas saem também.

Entram em cena o mensageiro e alguns deuses.

 

MENSAGEIRO: Queridos e poderosos deuses, trago uma preocupação do mundo dos humanos!

DEUS SHAMASH: O que esses humanos já querem? Minha vontade é de mata-los com meus raios solares!

MENSAGEIRO: Peço aos deuses que se acalmem! Os moradores de Uruk não aguentam mais o rei Gilgamesh.

DEUSA INANNA: Só podia ser aquele rei! Homem agressivo demais!

DEUSA ERESHKIGAL: Mas você é suspeita de dizer sobre ele, pois foi abandonada por Gilgamesh e agora fica aí toda amargurada e com dor de cotovelo! (ela ri)

DEUSA INANNA: Fique quieta! Ou então eu deixarei de lado qualquer forma de amor só para te dar uma lição!

DEUS EA: Acalmem-se, deusas brigonas! Não é hora de discussão! Vamos atender o pedido da população de Uruk.

DEUSA INANNA: Tenho uma ideia. Vamos criar um humano selvagem que seja tão agressivo quanto Gilgamesh. Assim, um se ocupa com o outro e Gilgamesh dá sossego à população.4

DEUSA ERESHKIGAL: É uma boa ideia. Vamos tentar!

 

Os deuses e o mensageiro saem de cena. Inanna volta com um homem selvagem.

 

DEUSA INANNA: Criei você, Enkidu, para ocupar Gilgamesh! Vai lá e brigue bastante com aquele homem. Vingue o que ele fez para mim!

 

Inanna sai de cena. Enkidu olha para os lados, surpreso pelo lugar em que se encontrava. Gilgamesh entra em cena.

 

GILGAMESH: Quem é você?

 

Enkidu não responde.

 

GILGAMESH: Ah, é? Não vai responder! Pois então vai aprender a não desrespeitar o poderoso rei Gilgamesh!

 

Gilgamesh parte para cima de Enkidu. Os dois brigam até que um derruba o outro no chão e os dois se olham.

 

GILGAMESH: Afinal de contas, por que mesmo estamos brigando?

 

Os dois se levantam e Gilgamesh olha para Enkidu.

 

GILGAMESH: Você parece aqueles selvagens que rodeiam a cidade! Vou te levar para Uruk e te ensinarei algumas coisas. Vem comigo!

 

Os dois saem de cena. Entram três pessoas.

 

PESSOA 1: Você viu como Gilgamesh melhorou?

PESSOA 2: Sim. Os deuses nos atenderam!

PESSOA 3: Depois que aquele Enkidu chegou à cidade, Gilgamesh melhorou muito!

PESSOA 1: Tomara que Enkidu fique para sempre em Uruk!

PESSOA 2: Verdade! Enquanto os dois se ocupam com suas aventuras e sua amizade, a cidade permanece tranquila.

PESSOA 3: E que fique sempre tranquila! Enkidu faz um grande bem a Gilgamesh e a nós.

 

As três pessoas saem de cena. Entram alguns deuses. Inanna está revoltada.

 

DEUSA INANNA: Matei mesmo! Onde já se viu matarem meu touro favorito? Matei Enkidu e agora Gilgamesh está chorando seu amigo e pagando o preço do abandono em que ele me deixou!

DEUSA ERESHKIGAL: E isso porque você é deusa do amor. Imagina se não fosse...

DEUSA INANNA: Quieta, Ereshkigal! Não quero sua opinião!

DEUSA EA: Gilgamesh foi procurar meu amigo Ziusudra. Infelizmente, Ziusudra não poderá dar a Gilgamesh a imortalidade!

DEUSA INANNA: Imortalidade?

DEUS SHAMASH: Sim. Gilgamesh quer se tornar imortal para não passar pela morte assim como Enkidu passou e todos os humanos passam.

 

Os deuses saem de cena. Entram Gilgamesh e Ziusudra.

 

GILGAMESH: Eu vim de longe te procurar! Preciso ser imortal. A morte de Enkidu me abalou muito. Como você se tornou imortal?

ZIUSUDRA: Meu amigo Gilgamesh, não é tão fácil! Te contarei como consegui a imortalidade: o deus Ea, meu amigo, me avisou que os deuses mandariam uma grande chuva para destruir a humanidade. Ele me mandou fazer uma arca, colocar minha família e animais na arca. Veio a chuva e meu grande barco navegou em meio ao dilúvio, ajudando na nossa sobrevivência. Quando a chuva parou e a água baixou, tirei minha família e os animais da arca. O deus Ea, por amizade, me fez imortal e me colocou nesse lugar bonito.

GILGAMESH: E eu não posso me tornar imortal também?

ZIUSUDRA: Imortal não, mas pode ser jovem para sempre enquanto estiver vivo. Em um rio aqui perto, mergulhe e pegue no fundo a planta da juventude.

 

Os dois saem de cena. Gilgamesh volta ao cenário com uma flor na mão.

 

GILGAMESH: Eu consegui a planta da juventude, mas não vou comê-la agora. Vou levar para Uruk e dividir com alguns amigos. Dormirei aqui esta noite e amanhã seguirei viagem.

 

Gilgamesh se deita no chão, com a flor ao seu lado. Quando ele dorme, uma cobra entra e rouba a flor. Gilgamesh acorda e procura a flor.

 

GILGAMESH: Não acredito que roubaram a flor! Que tristeza! Não quero morrer! (ele chora)

 

Gilgamesh sai de cena. O mensageiro dos deuses entra.

 

MENSAGEIRO: E assim termina, de um jeito triste, a história de Gilgamesh. Ele morreu, assim como todos os seres humanos! Mas sua história nos faz pensar na busca pela imortalidade, no medo da morte e na busca humana por parecer sempre jovem!

 

Entram todos os atores e se despedem da plateia.

 

ÉPICO DE BAAL – adaptação teatral da obra

 

 

Cena 1

Reunião de deuses. Estão presentes El, Dagon, Baal, Yam, Asherah e Ashtart. El está em um trono e tem os demais deuses ao seu redor, sentados em assentos abaixo do trono.

 

El (em tom solene): Tenho um comunicado a fazer e todos vocês deverão aceitar: este trono será ocupado por um dos meus filhos! Ele reinará em meu lugar na casa dos deuses.

Baal (levantando-se): E nosso querido El poderia dizer quem reinará sobre nós em seu lugar?

El: Será Yam! Ele reinará sobre vocês!

Baal (surpreso): Mas, poderoso El, perdoa-me o atrevimento, mas Yam não está preparado para governar os deuses e os homens!

Yam (levantando-se, bravo): E quem disse que eu não estou preparado? Sempre estive preparado para este glorioso dia no qual assumirei o governo da casa dos deuses e da morada dos homens!

El (olhando para Baal): Yam está preparado e será um bom governante! Está decidido!

 

Os deuses se retiram.

 

Cena 2

Asherah e Baal entram caminhando devagar.

 

Baal (em tom triste e revoltado): Eu te falei, ó mãe Asherah! Desde que começou a reinar sobre nós, Yam está governando com mãos de ferro! Onde já se viu cobrar tributos em ouro dos outros deuses? Yam está passando dos limites com sua sede de poder!

Asherah (decidida): Falarei com Yam! Tomara que me atenda e seja bondoso com os outros deuses!

 

Baal sai e Asherah fica.

 

Cena 3

Yam entra e encontra Asherah.

 

Yam (olhando para Asherah): Por que este rosto preocupado, ó mãe dos deuses?

Asherah (em tom triste): O que você está fazendo não é certo, Yam! Onde já se viu cobrar tributos dos demais deuses?

Yam (nervoso): Meu poder não deve ser questionado! O que faço é para que todos saibam que há um governante poderoso sobre o céu e a terra! Falando nisso, Baal não entregou o tributo que ele deve a mim! Asherah, cobre o seu filho Baal, ou terei que expulsá-lo da casa dos deuses!

 

Yam sai.

 

Cena 4

Baal entra e encontra Asherah aos prantos.

 

Baal (triste): O que foi, grande mãe dos deuses?

Asherah (enxugando as lágrimas): Yam está irredutível e prometeu que te expulsará da casa dos deuses se você não pagar o tributo a ele.

Baal (fechando a fisionomia e com tom de braveza e determinação): Tirarei Yam do poder e eu mesmo reinarei sobre a casa dos deuses! Mãe Asherah, prepare-se! Se for necessário, haverá guerra entre os deuses!

 

Baal sai.

 

Cena 5

 

Baal volta com vários deuses consigo e grita para Yam, enquanto Asherah observa tudo.

 

Baal (desafiando): Venha, Yam! Eu não pagarei tributos a quem nos governa com mãos de ferro! El cometeu um erro ao te elevar a governante sobre nós!

 

Yam entra com deuses consigo.

 

Yam (rindo): Então desafiarás o meu poder, Baal das tempestades? Vamos medir forças e ver quem poderá governar a casa dos deuses!

 

Yam e Baal, junto com seus partidários, entram em choque e brigam enquanto Asherah observa a tudo. El entra e abraça Asherah, que está chorando ao ver seus filhos em guerra. A batalha segue até Baal dominar Yam e vencê-lo.

 

Baal (segurando o pescoço de Yam): Eis que te derrotei, cruel príncipe dos deuses! Não posso te matar pois sua divindade o faz imortal, mas deixarei em seu rosto uma cicatriz como lembrança de sua derrota diante de mim! E os deuses que te apoiaram, eu os perdoarei caso passem para o meu lado, ou então os expulsarei da casa dos deuses!

 

Os deuses que seguiam Yam passam para o lado de Baal.

 

El (intervindo): Baal, novo soberano da casa dos deuses, peço-te que tenha misericórdia de meu filho Yam e permita que ele continue vivendo nesta morada divina!

Baal (olhando para El enquanto segura Yam): Em atenção a teu pedido e pelo amor que tenho por minha mãe Asherah, permitirei que Yam fique, mas ele será expulso da casa dos deuses se tentar reunir forças contra mim.

 

Baal solta Yam. Um dos deuses traz o trono para Baal se sentar.

 

Baal (sentado no trono): A casa dos deuses será governada por mim! Todos poderão recorrer a mim em suas necessidades!

 

Enquanto os deuses estão distraídos com Baal, El vai ao meio da plateia.

 

El (olhando o público): É o que ele pensa!

 

FIM

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