CAPITALISMO E CONSCIÊNCIA SOCIAL: UMA BREVE REFLEXÃO

05/08/2020 01:18

Nos últimos dias, a "ágora[1] virtual" (redes sociais) foi agitada pelas discussões em torno da propaganda da empresa Natura, que convidou Thammy Miranda para integrar a campanha publicitária de Dia dos Pais. Muitos opinaram, argumentaram, expuseram seus conceitos e preconceitos, politizaram, "mimimizaram", como já é costume vermos nas redes sociais, toda vez que algum assunto ou ação vira polêmica.

No meio disto tudo, um ponto de vista foi bastante comentado, que é a capitalização da consciência social. Não é de hoje que a sociedade vê crescer amplas discussões em torno de grupos sociais que buscam espaços através de suas identidades (gênero, cor da pele, etc). Estas discussões fazem parte de uma democracia que se queira realmente aberta a diversidade de práticas, pensamentos, argumentos, opiniões e visões. No entanto, também chamam a atenção do capitalismo.

O capitalismo tem um poder de flexibilização muito grande. Seus "tentáculos" são capazes de abranger e transformar em moda os mais diversos temas, correntes de pensamento, discussões e ações da sociedade. Podemos citar, a título de exemplo, a forma como a imagem de Che Guevara (1928-1967) foi alçada ao status de moda, rendendo muito dinheiro a partir de produtos consumidos pela juventude "descolada" e que dá um "viva a la revolución".

Com a consciência social, os debates em torno das identidades e a conquista de espaços da parte de certos grupos sociais, não tem sido diferente. Por um lado, é um caminho que dá visibilidade às demandas e lutas de grupos como as mulheres, as comunidades LGBTQI+, os negros, os indígenas, entre outros. Por outro lado, há um alerta constante para que as demandas e lutas destes grupos não se transformem apenas em modismos da parte de muitos que abraçam estas causas.

Para fortalecer estes grupos e evitar que suas demandas se tornem, muitas vezes, meras "ondas descartáveis pelo capitalismo", é preciso que tais grupos aproveitem os espaços conquistados para criarem ou ampliarem as oportunidades de diálogos mais amplos com a sociedade, o que deve ser feito com a flexibilidade exigida quando se lida com uma sociedade de ideias e visões tão diversas como a brasileira.



[1] Espaço em que se reuniam, na antiga Grécia, para discutir as mais diversas ideias.

 

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