História oral em uma novela da Record

21/04/2015 00:30

Recentemente, vem fazendo sucesso na TV aberta brasileira uma produção da Rede Record chamada “Os Dez Mandamentos”. É a primeira novela brasileira com temática bíblica. A trama gira em torno da história de Moisés, cuja vida e legislação são relatadas nos livros bíblicos de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

A novela pode ser analisada sob um sem número de pontos de vista, porém quero aqui destacar algo que provavelmente não passa despercebido de grande parte dos telespectadores: as histórias do povo hebreu contadas por adultos para as crianças. Em várias cenas da novela, é possível ver principalmente o personagem Nun contando histórias para os filhos de Aarão. Normalmente, estas histórias falam das origens do povo hebreu e dos ensinamentos dos patriarcas. Este detalhe da novela é importante e interessante para que nós (mesmo aqueles que não possuem formação acadêmica) percebamos na história oral um fator de ligação e formação histórica e cultural de um povo.

Um rápido estudo sobre a Bíblia revelará que ela foi escrita após séculos de tradição oral. O que vemos principalmente no livro do Gênesis nada mais é do que resultado escrito de diversas gerações transmitindo as histórias e mitos por via oral, seja pelos ensinamentos dos mais velhos, seja em festas tradicionais, seja na intimidade do lar ou em quaisquer outros meios de transmissão. Assim, podemos afirmar que a história oral é um importantíssimo meio de transmissão, atualização, manutenção e sobrevivência de conhecimentos da parte de um povo ou grupo.

A forma mais comum que a novela “Os Dez Mandamentos” mostra como transmissão de história oral é através da intimidade do lar, com adultos contando histórias a crianças. Este método de transmissão de histórias perdeu cada vez mais espaço na medida em que a sociedade se cercou pela escrita. Hoje em dia, principalmente, não é mais necessário guardar histórias, pois temos a dispor uma infinidade de livros, de páginas da internet, de informações disponibilizadas por vários meios de comunicação, etc. Mesmo assim, a contação de histórias ainda preserva o caráter afetivo de criar e estreitar laços entre quem conta e quem ouve, ainda mais em nosso mundo tão “apressado” e repleto de estímulos tecnológicos.

 

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