Para quem não viu o debate...

18/08/2018 22:17

No dia 17 de agosto, ocorreu, de forma multimídia (RedeTV e Isto É), mais um debate entre os candidatos a presidente da República, com as presenças de Álvaro Dias (PODEMOS), Cabo Daciolo (PATRIOTA), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (REDE). O candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) não compareceu por estar preso em Curitiba. Os candidatos Eymael (DC), João Amoedo (NOVO), João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia (PSTU) não foram convidados; os canais de TV são obrigados a convidar apenas os candidatos cujos partidos tenham ao menos 5 parlamentares no Congresso Nacional.

De forma resumida, o que se viu, no geral, foram abordagens que podem ser divididas em três categorias: alguns momentos de respostas "enroladas" (mostrando desconhecimento ou insegurança em relação a certos assuntos), outros momentos de acusações aos adversários e também momentos de propostas baseadas nos planos de governo de cada candidato. Nos parágrafos seguintes, vamos analisar um pouco mais detidamente a atuação dos candidatos no debate.

Álvaro Dias procurou se esquivar, o quanto pôde, das acusações de ser um dos "tons de Temer", expressão utilizada por Guilherme Boulos contra os adversários. Dias destacou o combate a corrupção através do fortalecimento da Operação Lava Jato.

Cabo Daciolo, mais uma vez, misturou política e religião para abordar suas ideias, destacando, por exemplo, que em seu governo o Brasil vai "clamar ao Senhor Jesus". Respondendo a perguntas, enfatizou que, em seu primeiro mês de governo, vai baixar os preços da gasolina e do gás de cozinha e garantiu que os brasileiros poderão andar seguros pelas ruas a partir do primeiro dia de seu mandato. Também voltou a tocar em teorias de conspiração quando destacou que afastará o "perigo comunista" do Brasil (como se ainda vivêssemos no período da Guerra Fria).

Ciro Gomes voltou a destacar sua proposta de renegociação das dívidas de 63 milhões de brasileiros cujos nomes estão sujos na lista do SPC. Além disso, apresentou propostas desenvolvimentistas para geração de empregos e superação da crise econômica, embora em alguns momentos não fosse direto ao assunto quando questionado e preferisse, o quanto pôde, debater com Geraldo Alckmin, acusando o PSDB de ter sido contrário a mudanças no sistema tributário. Sobre este aspecto, Ciro propôs mudanças para cobrar mais tributos sobre a renda e menos sobre o consumo.

Geraldo Alckmin também seguiu, em alguns momentos, o caminho da "enrolação" nas respostas, mas destacou suas ideias quanto ao incentivo aos diversos setores da economia para retomar o crescimento e às mudanças na cobrança de impostos.

Guilherme Boulos destacou a aproximação de seu governo com o povo, caso seja eleito, propondo maior participação popular nas tomadas de decisões através da formação de conselhos locais. Também atacou os adversários, acusando-os de serem "tons de Temer", e foi acusado por Henrique Meirelles de não contribuir com o país através do trabalho.

Henrique Meirelles, em vários momentos, propôs a formação de sua equipe de ministros com técnicos cuja indicação não seja atrelada a negociações de cargos com partidos políticos, relembrando o que, segundo ele, foi uma exemplar gestão tendo-o a frente do Banco Central.

Jair Bolsonaro reproduziu seus discursos de combate a um suposto "perigo comunista" (acompanhando as ideias de Cabo Daciolo), propôs a militarização de escolas de educação infantil, teve momentos de "enrolação" ao responder questões sobre economia e mostrou desconhecimento da situação educacional brasileira ao enfatizar que os grandes problemas da mesma seriam a "ideologia de gênero" e a "análise crítica" fortemente presente nas práticas em sala de aula. Também propôs a abertura do Brasil ao comércio com todos os países, "deixando de lado o viés ideológico", e a maior exploração de riquezas naturais, além de reforçar seu compromisso para que a população brasileira tenha acesso menos burocratizado às armas de fogo.

Marina Silva apresentou propostas para diversas áreas, mas acabou se destacando pelo "embate" com o candidato Jair Bolsonaro a respeito da valorização da mulher na sociedade. Inclusive, foi acusada por Bolsonaro de ser hipócrita ao dizer-se evangélica e propor que a descriminalização do aborto seja objeto de discussão e de consulta à opinião popular mediante plebiscito.

Particularmente, este autor sentiu falta da presença dos demais candidatos, o que diversificaria ainda mais o debate e ofereceria mais opções aos eleitores brasileiros (especialmente os que, como eu, estão indecisos). Esta síntese é apenas um pontapé para que o debate continue nas vozes dos eleitores e nas suas interações virtuais. Que sirva para fomentar discussões e ajudar a ampliar e incentivar a busca por mais conhecimento e politização!

 

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