Uma guerreira chamada Noêmia

19/10/2015 08:51

Hoje venho me colocar um pouco mais como pessoa e um pouco menos como historiador para falar de uma grande figura da minha história pessoal. Noêmia Olívia Guimarães, a minha vó Noêmia, foi uma mulher com M maiúsculo, mas a ela também poderíamos atribuir um maiúsculo B de brava mulher, um maiúsculo G de guerreira, um maiúsculo A de amorosa, um maiúsculo F de fibra e quantos maiúsculos mais forem possíveis para se referir a esta grande mulher que hoje descansa em paz.

Nascida aos 04 de abril de 1929, teve na luta, no sofrimento e na fé caminhos de vida que se traduziam em seu rosto que trazia as marcas de uma mulher que viveu como a grande maioria das mulheres de sua época, sendo filha obediente, mãe dedicada e esposa fiel. E como grande mulher, teve experiências que fizeram destacar sua longa vida: casou-se duas vezes (e teve a sina de se unir a dois viúvos chamados José Guimarães), sendo mãe de um total de sete filhos (dos quais três estão vivos) e 11 enteados. Com seu primeiro José, 4 anos de casamento interrompidos pela inevitável visita da morte; com seu segundo José, 50 anos de casamento e de lutas para ver os filhos e enteados crescendo e tomando as rédeas das próprias vidas.

A vó Noêmia foi uma esposa zelosa, cuidando impecavelmente do marido; a vó Noêmia foi uma mãe que deu o melhor de si para os filhos; e naquilo que porventura ela viesse a ter falhado (e quem é que não falha?), a vó Noêmia compensou nos netos, sendo vovó extremamente cuidadosa, simpática, alegre, o tipo de vovó que qualquer neto gostaria de ter. Em seu rosto de mulher sábia contemplo o rosto de tantas mulheres que até hoje são modelos para seus maridos, filhos, netos e parentes.

Da querida vó Noêmia guardo no coração as histórias, as piadas que sempre contava, a macarronada que fazia com tanto carinho, as conversas na cozinha enquanto alimentava o fogão a lenha para que não apagasse e cozinhasse as delícias que só as vovós sabem fazer. Da amada vó Noêmia guardo no coração as risadas que ela dava quando falávamos para ela arrumar um terceiro José e as mãozinhas calejadas pela vida mas que eram acolhedoras a todos os que a ela dessem sua mão. Da querida vó Noêmia guardo no coração as histórias que ela me contava sobre o passado, nas muitas vezes em que meu espírito de historiador me levava a querer saber mais e mais dos nossos antepassados (e como soava bonito quando se referia a um avô dela chamando-o de “vovô Valentim”, cuja memória já se apagou nas neblinas do tempo). Da amada vó Noêmia guardo no coração a fé simples de quem sempre acompanhava a novena ao Divino Pai Eterno.

Tenho certeza que hoje, 19 de outubro de 2015, o céu está em festa e que o Divino Pai Eterno a acolhe de braços abertos e com largo sorriso de quem a esperava ansiosamente. E a todos os que trazem na bagagem da vida as boas lembranças de suas vovós, digo que agora somos nós (todos os familiares) que temos na bagagem as ternas lembranças da minha vó Noêmia.

 

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