UMA TRISTE CONTINUIDADE AO MUNDO CONTEMPORÂNEO
O COVID-19, mais conhecido como "novo coronavírus", tem causado impactos imensos às sociedades e economias mundiais. Quanto tempo durará isto? Ninguém sabe. Mas, o que sabemos é que o COVID-19 é uma continuidade triste ao nosso mundo atual, desafiando intelectuais, cientistas, governos, empresários e populações.
Nos últimos 100 anos, passamos por pandemias ligadas a "gripe espanhola" (1918-1920), "gripe asiática" (1957-1958), "gripe de Hong Kong" (1968-1969), "gripe aviária" (2009), entre outras[1]. Todas exigiram cuidados, inclusive com recomendações de isolamento social[2]. Aqui temos a primeira continuidade a ser destacada.
Outra continuidade do COVID-19 em relação a pandemias anteriores refere-se à guerra de discursos em torno da doença, desde alarmismos apocalípticos[3] até um negacionismo irresponsável[4]. Quando a gripe espanhola arrasou o mundo, no início do século XX, autoridades e partes da sociedade chegavam a negar ou subestimar os efeitos da nova doença[5]. A guerra de discursos traz consigo as chamadas "teorias de conspiração": já acusaram China e EUA de terem criado o vírus do COVID-19 em laboratório[6]; assim como, em 2009, acusaram laboratórios de terem criado o vírus da gripe aviária para lucrarem com a venda de antivirais[7]. Uma outra modalidade de teoria conspiratória tem a ver com a religião: a gripe espanhola foi atribuída a castigo divino[8]; atualmente, chegaram a dizer que o COVID-19 seria uma resposta de Deus ao casamento gay e ao aborto[9]. Por fim, como parte da guerra de discursos, temos as notícias falsas, espalhadas intensamente para confundir, gerar pânico e desestabilizar. Algumas notícias falsas acabam sendo bem inocentes (por exemplo, durante a pandemia de gripe espanhola, um fazendeiro do interior de SP acreditava que a gripe podia ser tratada com uma mistura de cachaça, limão, alho e mel, originando, depois, a caipirinha[10]), mas, normalmente, as notícias falsas mais atrapalham do que informam.
Com estas e outras continuidades, podemos nos perguntar: o que fazer? A resposta se debruça nas continuidades daquilo que se fazia em tempos de pandemias: sempre foi recomendado o isolamento social[11] e os cuidados higiênicos (ver nota 2). O isolamento social, principalmente, traz a tona reflexões de ordem econômica, filosófica, ética, entre outros aspectos que devem ser discutidos e pensados coletivamente (e a internet é um ótimo meio para interação, reflexão e discussão coletiva em tempos de isolamento).
[3] https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2020/03/25/coronavirus-abin-estima-5571-mortos-no-brasil-ate-6-de-abril-diz-intercept.ghtml
[4] https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/03/23/olavo-de-carvalho-sobre-coronavirus-a-endemia-simplesmente-nao-existe.htm
[6] https://forbes.com.br/colunas/2020/03/pesquisa-refuta-boato-de-que-o-novo-coronavirus-foi-criado-em-laboratorio/
[8] https://portal.fiocruz.br/noticia/fake-news-circularam-na-imprensa-durante-surto-de-gripe-espanhola-no-rio-em-1918