Utopias - parte 3 - Vá estudar História

27/03/2016 22:18

Em um cenário tão conturbado como a política brasileira atual, é muito comum ouvir, de todos os lados, pessoas que, para mostrarem "superioridade" de ideias, dizem aos seus oponentes: "Vá estudar História!" Dizem isto como se a História prestasse apenas para afirmar e confirmar suas convicções pessoais ou como se a única História válida fosse aquela escrita e interpretada por seu grupo político e ideológico. E o pior é que quem utiliza esta expressão, mandando os outros estudarem História, normalmente tem um conhecimento raso ou muito parcial da História.

É comum perceber, principalmente pelas redes sociais, que a turma do "Vá estudar História", seja de qual ideologia for, não preza por ter um conhecimento mais amplo e abrangente das ideias, dos processos, das mentalidades. Quem se diz de "esquerda" lê apenas autores de tendências e convicções "esquerdistas"; quem se diz de "direita" lê apenas autores de tendências e convicções "direitistas"; e assim por diante. E isso quando lê, pois há uma grande massa de "compartilhadores de posts de redes sociais" ou de "leitores do senso comum", ou seja, aqueles que leem superficialmente, não questionam a veracidade do que leem, não buscam fontes confiáveis e espalham pelas redes porque convém a suas ideias pessoais.

Dentro de uma situação como a atual, onde o debate político ocupa o tempo e as mentes de todas as pessoas nas mais diversas situações cotidianas, é de extrema importância aprender a ler o que se discute, buscando a veracidade das informações e buscando também conhecer o "oponente", não por "fontes terceiras" ou de confiabilidade duvidosa, mas indo direto a fonte. Para se conhecer pensamentos progressistas, por exemplo, não se deve ler fontes conservadoras, mas fontes progressistas; e vice-versa. Depois da busca direto a fonte, o indivíduo tem condições de começar a confrontar o que foi lido com as suas próprias ideias e formar conhecimentos e opiniões capazes de elevar o nível do debate político para que este se torne mais sério e menos "apaixonado". Além disso, a busca por conhecimentos e informações que transcendam a própria "casinha" é uma das condições básicas para uma discussão pautada pela civilidade, pelo respeito e pela edificação de todos os lados. Não é necessário, claro, que se deixe de lado as próprias convicções e que se concorde com o outro, mas é necessário que se conheça o pensamento do outro para que sejam maiores as chances de um debate intelectualmente honesto (coisa que vem faltando - e muito - nas discussões políticas Brasil afora).

No próximo texto, vamos continuar esta troca de ideias sobre a busca por conhecimentos. Vamos questionar e refletir sobre a "verdade": O que é a verdade? Alguém pode tê-la? Em meio às discussões políticas atuais, é possível encontrar uma verdade? Como a verdade é tratada em meio aos debates políticos no Brasil de hoje?

 

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Intimidade com a História