XXIX Simpósio Nacional de História - parte 4

21/08/2017 19:09

Para terminar esta série de anotações que fiz no XXIX Simpósio Nacional de História (Brasília, julho/2017), segue abaixo o teor da minha apresentação intitulada "Presença de indígenas no município de Virgínia" e feita no Simpósio Temático nº 88 ("Múltiplas cidades").

 

Apresentei o que venho tendo como resultados desde que comecei a pesquisar o tema, em 2014:

- houve uma presença de indígenas no município de Virgínia/MG e esta presença pode ser atestada por evidências como relatos orais de pessoas mais idosas e possíveis objetos encontrados na zona rural virginense (estas últimas evidências ainda serão analisadas nos próximos passos da pesquisa);

- tal presença indígena foi e é negada em situações como a divulgação de uma "história oficial" de Virgínia, o que pode ser atestado na existência de textos divulgados nas escolas nos quais se pode ler apenas informações referentes aos fundadores (Cônego Monte Raso, Francisco Ribeiro Pires e Diogo Labat Uchôas) e às datas mais relevantes do início do município (fundação, emancipação política, elevação à categoria de cidade, etc);

- a presença indígena acabou sendo esquecida por muitos virginenses, como se pode ver na surpresa de algumas pessoas ao saberem que houve indígenas em alguns bairros do município;

- as marcas de presença indígena na região podem ser percebidas em aspectos culturais, linguísticos e geográficos do município.

 

Feitas estas explanações, fui questionado sobre importantes aspectos a serem colocados ou repensados nos próximos passos da pesquisa:

- recorte temporal: segundo um dos presentes, devo repensar o recorte apresentado (minha explanação destacou o período que vai de 1856 a 1938, ou seja, da fundação do município até sua elevação de sua sede à categoria de cidade), recuando a análise temporal para os vestígios de presença indígena anteriores à fundação do município virginense.

- identidade da população virginense: segundo uma das coordenadoras do Simpósio Temático, seria interessante eu repensar até que ponto os virginenses realmente não se identificam com os vestígios indígenas nas origens do município e a possibilidade de eu, enquanto pesquisador, colocar muitas expectativas em uma pesquisa que pode não me oferecer muitos resultados (ou pelo menos os resultados que eu esperaria encontrar). Já um dos participantes colocou uma importante questão: "Quem, neste país, quer ser descendente de índios ou negros?"

- ligação com o meio urbano: um dos presentes destacou que dei maior enfoque à presença indígena no meio rural virginense, mas que eu posso pensar sobre os imnpactos desta presença no meio urbano de Virgínia, pensando a relação dos indígenas com os moradores não-indígenas e a possível participação indígena na construção da cidade, além de pensar a relação dos indígenas da zona rural com instituições sediadas no meio urbano (Prefeitura, Igreja, etc).

 

Os questionamentos apresentados acima iluminarão e nortearão alguns dos próximos passos da pesquisa, fazendo refletir sobre aspectos metodológicos, fontes e rumos a serem dados nos trabalhos de resgate da memória indígena virginense.

 

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